Juína
Carnaval em Juína homenageia Salvador e discute racismo e igualdade racial
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Muito além de somente festa e bebida, a cidade de Juína (740km de Cuiabá) preparou um Carnaval que aborda temas políticos. De 2 a 5 de março, a população vai discutir o combate ao racismo e a promoção da igualdade racial, por meio do tema “Salvador, Bahia: Terra da Magia”.
A capital baiana será homenageada pelo município. “Vamos falar de história e de cultura na forma de música, sabores, crença, resistência, mostrando a força de um povo que tem a alegria como resposta à dor, desde o início do nosso Brasil”, afirma o secretário municipal de Cultura de Juína, Adriano Souza.
Desde 2017, a cidade aproveita o Carnaval para introduzir ou terminar projetos de políticas públicas. “Para nós, o carnaval fortalece uma série de ações, não é um evento isolado. Neste ano, por exemplo, a festa vai desmembrar várias outras atividades que serão desenvolvidas nas escolas, nos bairros, no município como um todo, para combater o racismo. Um outro resultado importante será a criação do Conselho Municipal de Igualdade Racial”, completa o prefeito Altir Peruzzo.
Para Allan Kardec, secretário de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), o carnaval tem importância social, econômica e cultural. “O carnaval é elemento da nossa cultura, é parte da nossa identidade cultural. E Juína consegue fazer mais do que celebrar a multiplicidade brasileira. A cidade está promovendo conhecimento e valorização da história do povo negro. Tudo isso nos encantou e inspirou nosso reconhecimento ao carnaval realizado pelo município”. A pasta apoia institucionalmente o evento.
Antes da festa começar, na Biblioteca Municipal da cidade já foram realizadas rodas de leitura trazem o debate sobre a história do povo negro no Brasil e suas contribuições para a cultura brasileira. Nos bairros, crianças e adultos fazem aulas de capoeira e de zumba para aprender mais sobre a cultura afro-brasileira ao mesmo tempo em que se aprontam para curtir a folia.
A população de Juína também teve a oportunidade de participar de oficinas de produção de Abayomis, as bonecas negras feitas pelas mães africanas com retalhos de suas saias para acalmar seus filhos dentro de navios negreiros.
Agora, a folia acontece no Centro de Eventos do município, que foi montado com um tablado cultural representando o Pelourinho, onde haverá exibições de capoeira e outras apresentações culturais de escolas e de artistas locais.
Além disso, acontece também a ‘Bibliofolia’, na Biblioteca Municipal, que retratará um navio negreiro, disponibilizará o Espaço Criança, local em que os pais poderão deixar seus filhos em práticas culturais, como contação de histórias, oficinas de produção de bonecas pretas e pinturas faciais. Para os jovens, haverá um espaço com jogos, oficinas de desenhos afro-brasileiros, pinturas do Olodum, dentre outras atividades.
O Mercado Modelo, patrimônio histórico de Salvador e maior shopping de artesanato do Brasil, é a inspiração para o espaço destinado à venda de produtos artesanais na festa.
A estimativa é que o evento receba dez mil pessoas por noite. “Precisamos demonstrar que cultura é investimento e não gasto. O formato do carnaval em Juína está conseguindo mostrar isso, mesmo que sem dados tangíveis ainda. Além de proporcionar um espaço de cultura e lazer pra sua população, a realização da festa está, com certeza, impulsionando uma extensa cadeia produtiva”, defende o secretário da Secel, Allan Kardec.